Once again, atrasada, atrasadíssima.
"almoçar na esplanada do museu Soares dos reis enquanto o tempo permite"
Vacinas e receitas, a parte menos divertida dos preparativos para a viagem.
Atrasada, atrasadíssima. My bad.
"talvez a ondulada sirva para representar a memória das férias que se desvanece lentamente" - reflecte o Amigo Gaspar
Baile dos candeeiros no CCB. Divertido. Animado. Fotogénico. E grátis. A vida pode ser melhor?
Amigo Gaspar, prenda de aniversário? Vejo que o prefácio foi escrito pelo teu sósia.
Fabulous zucchini bread - uma receita nova todos os meses até aos 32.
amigo gaspar: - só sonho com palmeiras em praias distantes
goodwoman: - este é o gato que me vai transformar, mas que digo?, já me transformou num cat person. Infelizmente temos uma relação à distância
Já no fim da semana aqui está o 5º díptico. A bem da verdade devo dizer que o atraso é culpa minha. Como desculpa digo que fiz 31 anos na terça feira e ontem fui ver o Leonard Cohen ao Pavilhão Atlântico. Dois acontecimentos de grande desgaste emocional e para os quais precisei de alguma preparação e posterior recuperação.
Sobre as fotos. A do amigo gaspar é em Braga, tirada durante uma viagem de trabalho. A minha foi tirada em Lisboa, durante um passeio de lazer.
Diz o amigo gaspar "É uma serie numerada de grafitis espalhado pelo Porto. A serie de 1000 será com certeza uma referencia aos mil grous como símbolo de felicidade."
Digo eu lanterna do restaurante chinês mais lento do mundo.
Ontem à noite vi este senhor no jardim da Torre de Belém.
Mais vale tarde...
Ao contrário do que estavas à espera não tenho nenhuma fotografia fofa da minha prima a ser baptizada. Tenho umas flores cor de rosa que fotografei enquanto esperava pelo almoço. Ah! e também tenho uma história engraçada com miúdos. Aqui vai: a minha sobrinha tem medo de palhaços (não metaforicamente, por isso podes estar descansado amigo gaspar. tcharan pim!). No baptizado estavam a pintar as caras das crianças. Um miúdo escolheu pintar a cara dele de palhaço. A minha sobrinha teve um ataque de pânico assim que o viu. O miúdo ficou muito triste por visto a minha sobrinha com medo. Passado 10 minutos o miúdo, que tem 6 anos, repito, 6 anos, apareceu junto de nós com metade da cara limpa para mostrar à minha sobrinha que ele era um menino e não um palhaço por isso ela não devia ter medo. Sim, é agora que fazes awwwwww. Aquele miúdo rocks!
Quanto à tua foto, será que o Siza não se importa que esta malta esteja a ocupar a avenida dele? Afinal ele teve tanto trabalho a fazer dos Aliados um sítio árido e inóspido (tcharan pim!)
Escolhi a foto do coração, claro.
À esquerda a foto do amigo gaspar, à direita a minha.
Sobre a minha foto digo: quando em londres tate modern, sempre. Nem que seja só para descansar um bocadinho na turbine hall.
E que dizes tu sobre a tua?
tanta coisa e afinal tudo o que eu preciso é de um homem com esqueleto de adamantium.
estou em countdown para dublin. já temos sítio onde pernoitar e bilhetes para a guinness, o que quer dizer que já temos tudo.
estou cansada e não me apetece ir para lado nenhum a não ser para a cama. esta é a minha síndroma do viajante. depois passa, claro. mas até chegar ao aeroporto o pensamento recorrente é:
- por que é que eu me fui meter numa destas outra vez?
claro que no aeroporto este pensamento passa. o meu medo de voar não deixa lugar para mais nada a não ser:
- vou morrer. o avião vai-se despenhar e eu vou deixar de existir.
isto tudo para dizer o quê? ah é verdade, estou mesmo contente por ir fazer esta viagem.
olha, a despropósito, qual era o realizador do patrick? aquele de que ele gostava muito. hoje fui ao indie e vi um documentário sobre o antónio campos e pensei que pudesse ser ele.
“And I was talking to Lou, you know about getting married - we're always talking about that, and he said, 'Well how about tomorrow?' I said, 'Okay'." She continued: "We walked into the Boulder Mountain marriage license office and they said, 'Are you two related?' and we said, 'Not that we know of'... and we paid ten bucks and that's it, we're married."
porque tu sabes que eu sou uma sucker por histórias românticas.
quando li "when my father died it was like a whole library had burned down" lembrei-me de uma conversa que tive com um colega em que ele dizia que a memória que mais o marcava era a frase que o pai lhe tinha dito no dia do funeral do avô (pai do pai)
- já não tenho pai.
são duas maneiras de expressar este sentimento insuperável de perda. uma biblioteca inteira. livros que estavam lá e que, mesmo sem os lermos há muito tempo, percebemos agora, nos fazem falta.
agora já não se escavam buracos no chão para se sussurrar para lá segredos. agora escreve-se blogs com pseudónimos. sabem os nossos segredos mas não sabem quem somos.
There were three friends
Discussing life.
One said:
"Can we live together
and know nothing of it?
Work together
and produce nothing?
Can people fly around in space
and still forget to exist
World without end?"
É o início da adaptação de um conto taoista do Chuan-Tzu. Imagino isto lido pela Laurie Anderson, por causa de "World without end":
I remember where I came from There were burning buildings and a fiery red sea I remember all my lovers I remember how they held me. World without end remember me. East. The edge of the world. West. Those who came before me. When my father died we put him in the ground. When my father died it was like a whole library Had burned down. World without end remember
Na altura que ela escreveu e interpretou a música o pai ainda não tinha morrido. É um detalhe, mas não deve ser fácil matar o pai numa música. Claro que sem essa linha esta música não existia. Lembro-me de ouvir a música a primeira vez e ficar dividido.
Pensar que "When my father died it was like a whole library had burned down" era uma imagem a que não podíamos ficar indiferentes. Uma homenagem bonita. Falar na primeira pessoa poderia ter esse sentido. Criava, no entanto, um apelo à emoção que era quase uma manipulação dos nossos sentidos, sendo uma morte real ou não. Tinha algo de errado, como nalguns flmes do Lars von Trier.
Sim, desde o início duvidava que sendo verdade alguém conseguisse cantá-lo assim. Ao mesmo tempo sentia que sendo verdade não deveria ser fácil para um artista despir-se assim perante o público, por uma arte, por uma homenagem. Para mim, com o meu pai ainda vivo, já produzia algum efeito de catarse. Sendo verdade, para ela mais do que libertador deveria ser obrigatório. Criou 2 minutos e meio de música para enfrentar essa biblioteca em chamas, e também eu devia agradecer alguém ter criado essa forma de combate musical.
O que me fazia a mim enfrentar? Um medo primordial talvez. Lembro-me de um dos sonhos recorrentes mais assustadores que tive em criança. Era o funeral do meu pai e ele ardia deitado numa espécie de mesa ou pedestal de pedra. O mais difícil no sonho não era enfrentar qualquer dor mas um vazio. Sendo recorrente tinha variações. Nalgumas o fogo ardia mas o meu pai falava-me de alguma forma. Noutras, um sorriso final de felicidade da parte dele não fazia nada para me apaziguar. Tinha uma necessidade dele que era egoisticamente indiferente ao que ele pudesse pensar da sua própria morte.
Curiosamente, quando descobri que a minha suspeita se confirmava - a morte do pai da Laurie era ali ficção - já não me chocou. Cantar uma morte falsa pode ser tão real como falar de coisas sérias e assinar "Amigo Gaspar". Como aquela história grega do escravo que faz um buraco no chão para poder sussurrar para lá um segredo. Claro que essa história acaba mal. Depois de voltar a tapá-lo crescem ervas que começam a sussurrar ao vento o que ele não poderia contar a ninguém.
e então, és?
When will the stream be aweary of flowing
Under my eye?
When will the wind be aweary of blowing
Over the sky?
When will the clouds be aweary of fleeting?
When will the heart be aweary of beating?
And nature die?
Never, O, never, nothing will die;
The stream flows,
The wind blows,
The cloud fleets,
The heart beats,
Nothing will die.
Nothing will die;
All things will change
Thro’ eternity.
’Tis the world’s winter;
Autumn and summer
Are gone long ago;
Earth is dry to the centre,
But spring, a new comer,
A spring rich and strange,
Shall make the winds blow
Round and round,
Thro’ and thro’,
Here and there,
Till the air
And the ground
Shall be fill’d with life anew.
The world was never made;
It will change, but it will not fade.
So let the wind range;
For even and morn
Ever will be
Thro’ eternity.
Nothing was born;
Nothing will die;
All things will change.
Alfred Lord Tennyson
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. Enquanto houver ventos e ...
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